O Valor da Intercessão



“Mudou o SENHOR a sorte de Jó, quando este orava pelos seus amigos” (Jó 41:10).
 
Este texto revela a importância de uma virtude que faz parte da pessoa e caráter de Jesus: a compaixão. Também diz respeito à outra virtude essencial na vida do cristão: a intercessão. Estas devem existir naqueles que se dizem filhos de Deus. Se não há compaixão não haverá desejo pela intercessão. No texto referente à Jó, ele intercedeu por aqueles seus acusadores, amigos que o caluniaram e o acusaram de vários pecados. Mesmo assim, Jó, movido pela compaixão, intercedeu junto a Deus a favor deles, e quando alguém ora por seus inimigos, por aqueles que lhe causaram dano, Deus vê neste intercessor a Sua imagem, Deus diz: este sim é meu filho. Detalhe: Jó na situação em que se encontrava, doente e humilhado, preferiu orar por eles e não por si mesmo. Quando alguém faz isto não há como deixar de ser abençoado.
“Eu, porém, vos digo: amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem” (Mateus 5:44).
Jesus foi e continua sendo um intercessor. Na terra ele demonstrou compaixão e nunca condenou ninguém. Ele disse àquela mulher que fora pega em flagrante adultério: “Nem eu tampouco te condeno; vai e não peques mais” (João 8:11). Jesus não veio para condenar o mundo, mas para salvá-lo. Este é o papel da igreja hoje. Este não é o tempo do juízo, mas da salvação. Não é a era da condenação, mas da graça. O papel da igreja é salvar, ajudar, estender a mão, interceder, se compadecer, ter misericórdia.
Paulo escreveu que “o amor é o vínculo da perfeição” (Colossenses. 3:14). Todos os atos sem amor não possuem validade para Deus. O amor é o pai de todas as virtudes. È a fonte de todas as outras virtudes. Sem amor não há compaixão. Sem amor não há misericórdia. O amor é o combustível do intercessor, pois a intercessão nasce de um sentimento de compaixão, e a compaixão é um dos frutos do amor. Deus é amor, portanto, Deus é perfeito em tudo e é a fonte de todo o bem. Seus filhos devem imitá-lo.
O mundo precisa de intercessores. A igreja precisa de intercessores. Mas o que vemos são inúmeros juízes. Porém, um só é o Juiz, o próprio Jesus. O intercessor, movido pela compaixão, procura salvar, tenta ajudar. O acusador, por sua vez, condena, critica, não estende a mão, não ajuda a levantar. Pelo contrário, força a morte dos feridos. O exército que mata seus feridos não prevalece, ainda mais em uma guerra de longa duração. Mais vale tratar dos feridos, que serão úteis e ainda mais hábeis quando recuperados, do que descartá-los, diminuindo o número de soldados. Uma igreja que não perdoa os que caíram sempre perde. Aliás, Jesus sempre ensinou a tratar os feridos e nunca rejeitá-los.
O coração compassivo não é egoísta, não busca seus próprios interesses, mas preocupa-se com os outros. Todos os que se preocupam com os outros agradam a Deus e são abençoados. Jó intercedeu por aqueles que não mereciam, Jesus intercedeu pelos pecadores. Salomão, no seu sonho, quando Deus lhe ofereceu tudo o que ele pedisse, não pensou em si mesmo, nem pediu algo pensando em sim mesmo, mas pensou no povo:
Disse Deus a Salomão: Porquanto foi este o desejo do teu coração, e não pediste riquezas, bens ou honras, nem a morte dos que te aborrecem, nem tampouco pediste longevidade, mas sabedoria e conhecimento, para poderes julgar a meu povo, sobre o qual te constituí rei, sabedoria e conhecimento são dados a ti, e te darei riquezas, bens e honras, quais não tiveram nenhum rei antes de ti, e depois de ti não haverá teu igual.(II Cron. 1:11-12)
A intercessão traz bênçãos tanto para quem intercede quanto para quem recebe a oração.
“Confessai, pois, os vossos pecados uns aos outros e orai uns pelos outros, para serdes curados. Muito pode, por sua eficácia, a súplica do justo”. (Tiago 5:16).
Jesus é o maior de todos os intercessores. Ele se ofereceu não pelos justos, nem pelos bons, mas o Senhor se ofereceu pelos pecadores, pelos injustos. O Pai ofereceu o que tem de mais precioso, Seu próprio e único filho, o único ser gerado de Si mesmo, pelos maus, injustos, pecadores. Este é o maior exemplo de compaixão que existe.
Sabemos que o único que pode condenar e julgar é aquele que não tem pecado. Qualquer outro que erra não tem o direito de condenar ou julgar ninguém. Sabemos também que o único homem que viveu neste mundo sem pecar é Jesus Cristo. Portanto, só Jesus é o Juiz de vivos e mortos. Só Ele pode condenar. No entanto, está escrito no livro de I João: “Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo, para que não pequeis; e, se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o Justo” (I João 2:1). Quer dizer que o único que pode condenar prefere ser o advogado junto ao Pai para interceder pelos pecadores. Isso que é amor, compaixão, misericórdia.
O contrário de compaixão é crueldade. É a característica dos acusadores, aqueles que tem um comportamento de indiferença em relação ao povo, que não intercedem por ninguém. É característica do diabo, Satanás. O nome “satanás” vem do hebraico, que significa “acusador”. É o mesmo significado para o termo grego “diabo”(acusador). Ou seja, se Jesus é o exemplo maior de intercessor, Lúcifer é o exemplo maior de acusador. Pode-se dizer também que os intercessores são a imagem de Jesus, enquanto que os acusadores são a imagem ou filhos do diabo.
O mundo precisa de intercessores, de pessoas movidas pela compaixão. A palavra compaixão significa “sentir a mesma dor do próximo”. Há quem diga que existem defeitos que não conseguimos enxergar em nós mesmos, mas outros conseguem percebê-los. Assim como nós não conseguimos enxergar algumas partes do nosso corpo, como por exemplo, as costas, assim também há partes de nosso caráter, de nossa personalidade, que não vemos, mas outros percebem. No entanto, quando enxergamos algo que estes não vêem, é para ajudá-los e não para condená-los. Este é o papel dos irmãos. Esta é a função de uma irmandade: ajudar uns aos outros a corrigir suas deficiências.

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