O dízimo é mesmo obrigação do cristão?

O dízimo é um mandamento cristão? Esta é a pergunta que este artigo pretende responder. Antes disso, é preciso lembrar que a bíblia é dividida em Velho e Novo Testamentos. A palavra “Testamento” significa “aliança”, “acordo”. No Velho Testamento está a antiga aliança de Deus com os homens por meio da Lei de Moisés, seus estatutos e juízos. É uma lei completa, com direitos e deveres, além das penas para as infrações cometidas pelos hebreus, hoje judeus. Os mandamentos da Lei são conhecidos até hoje. E entre eles está o dízimo.

"Também todas as dízimas do campo, da semente do campo, do fruto das árvores, são do SENHOR; santas são ao SENHOR."(levítico 27:30)

Já o Novo Testamento foi estabelecido por Jesus. São novas regras que cumprem as anteriores. O amor é o cumprimento da lei. É o chamado tempo ou era da Graça. Em Jesus toda a antiga lei foi cumprida. Jesus consumou toda a antiga lei em si mesmo. Ele cumpriu a lei por nós. Jesus é o nosso Sumo-Sacerdote. Ele é o nosso sacrifício pelos pecados. Não precisamos mais guardar a lei de Moisés pelo fato de que em Jesus cumpriu-se toda a lei. No seu último minuto na cruz, Jesus disse: "Está consumado", ou seja, toda a lei se cumpriu nele. Portanto, obedecendo Jesus, cumprimos a lei.

Na nova aliança de Deus com os homens por Jesus Cristo, em nenhum momento o dízimo é citado como obrigação do cristão. Nos 27 livros do Novo Testamento não há uma única citação referente ao ensino do dízimo. Há no Novo Testamento algumas citações referentes ao dízimo que fora ordenado aos antigos judeus e aos antigos patriarcas judeus, mas que foram utilizados como exemplo para outras lições importantes, como a citação de Jesus aos judeus da sua época:

“Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que dizimais a hortelã, o endro e o cominho, e desprezais o mais importante da lei, o juízo, a misericórdia e a fé; deveis, porém, fazer estas coisas, e não omitir aquelas.”(Mateus 23:23).

Neste versículo Jesus repreende os judeus, seguidores da lei, portanto obrigados a dizimarem. Porém se esta lei tivesse sido transferida aos cristãos, caberia citações de Jesus e dos apóstolos, o que não ocorreu.

Se o dízimo fosse obrigação do cristão, porque Jesus não exigiu do jovem rico que separasse o dízimo de suas riquezas antes de dá-las aos pobres?

“Disse-lhe Jesus: Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, e segue-me.”(Mateus 19,21).

Cadê a referência ao dízimo? Jesus teria o cuidado de informá-lo de algo tão importante, para servir de exemplo a nós.

O livro dos Atos dos apóstolos descreve as ofertas que muitos irmãos traziam à igreja. E nenhuma destas ofertas fizeram referência ao dízimo. Todas eram ofertas voluntárias, trazidas de coração e com alegria.

“Não havia, pois, entre eles necessitado algum; porque todos os que possuíam herdades ou casas, vendendo-as, traziam o preço do que fora vendido, e o depositavam aos pés dos apóstolos. E repartia-se a cada um, segundo a necessidade que cada um tinha.”(Atos 4:34,35).

“E os discípulos determinaram mandar, cada um conforme o que pudesse, socorro aos irmãos que habitavam na Judéia.”(Atos 11:29).

Após as primeiras conversões de gentios(não judeus) ao cristianismo, e depois de uma reunião entre os cristãos em Jerusalém, ficou decidido que os cristãos não judeus seguissem algumas recomendações, e entre elas não estava o sábado, as festas e os costumes dos judeus e nem o dízimo:

“Que vos abstenhais das coisas sacrificadas aos ídolos, e do sangue, e da carne sufocada, e da prostituição, das quais coisas bem fazeis se vos guardardes.”(Atos 15:29).

Se o dízimo fosse obrigação do cristão, seria citado no texto acima. Aliás, se fosse obrigação do cristão, Jesus, o fundador do cristianismo, faria alguma citação a respeito, o que não aconteceu.

Paulo em algumas de suas cartas faz referências a certas ofertas que os cristãos voluntariamente cediam aos seus irmãos em Cristo. Em nenhuma delas existe o termo dízimo.

“Porque pareceu bem à Macedônia e à Acaia fazerem uma coleta para os pobres dentre os santos que estão em Jerusalém.”(Rom 15:26).

"Cada um contribua segundo propôs no seu coração; não com tristeza, ou por necessidade; porque Deus ama ao que dá com alegria."(II Cor 9:7).

Portanto não se deve afirmar que o dízimo é uma obrigação imposta por Jesus, o fundador do cristianismo. É um ato de fé individual e não uma regra ou mandamento, como se ensina nas igrejas. Não é errado ser dizimista, o erro está em fazer disso uma obrigação, já que Jesus não obrigou ninguém, e nem os escritores do Novo Testamento.

Comentários

  1. Ola... gostaria de parabenizar pela esclarecedora matéria. Fico feliz em ver que existe pessoas dispostas a desvendar assuntos como esse ( dízimos )

    Concordo plenamente com tudo q foi dito no texto.
    Espero q outras pessoas tbm possam entender...
    Na verdade acho q isso a pessoa tem q QUERER pra assim poder entender, pois muitos vem com as mentes calterizadas e não querem admitir oq é obviu.

    Um grande abraço e fiquem na paz

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  2. Ainda bem q o pessoal ta ficando mais esperto,
    com a ajuda da internet podem expressar oq pensam
    e assim desabafar essa dor causada pela corrupção
    no meio da igreja.

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  3. Eduardo, vi seu comentário muito pertinente no meu blog e quis postar uma resposta. Obrigado.

    Oi Eduardo. Obrigado por seu comentário. Por seu texto percebi que vc não é católico. Vc possui uma visão do dízimo diferente da que nós, católicos, temos. Em breves palavras dir-te-hei o que o dízimo é para nós: Co-responsabilidade; Co-participação; Comunhão; Ascese. É o nosso modo de responsabilizarmo-nos por esta Igreja que não é do padre (ele não é dono), mas de Jesus Cristo. Como O Senhor não tem Banco e tudo o que a Igreja precisa neste mundo custa dinheiro, participar de sua manutenção é uma obra de fé e de caridade. Não imposta por Jesus, evidentemente, mas também não proibida por ele. A Lei da Graça sobrepõe-se à Lei Mozaica, como vc bem frisou no seu texto. Portanto, aquele que é conquistado, justificado, agraciado por Deus pode ficar indiferente às necessidades da sua Ekklesia? É aqui que nós, católicos, entendemos o dízimo: expressão externa da Lei interna da Graça. (p.s. Graça do grego Cháris, Chárisma. Dom, Presente, Graça)

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  4. Padre Luis, agradeço por seu riquíssimo comentário. Quero deixar claro que não estamos discutindo religião. Se somos católicos ou não, isso é indiferente. Mas pude perceber que temos uma opinião bem parecida em relação ao assunto. As ofertas, as doações, as ajudas financeiras são, como vc disse bem, obras de fé e amor. Devemos sim, concordo, ajudar nas necessidades da Igreja. O que não concordo é com as frases: "Quem não dá o dízimo é ladrão, vai pro inferno", etc. Toda oferta imposta não agrada a Deus, mas somente as ofertas voluntárias.

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  5. O Dízimo é uma fonte de Bênção porque tudo o que é feito com AMOR e por AMOR agrada a DEUS. DEUS não se vende nem pelo Dízimo que oferecemos a Ele nem por qualquer outra oferta. Ele se dá por inteiro, e sempre. Quem não o acolhe de forma suficiente somos nós! O Dízimo é antes de tudo, um caminho de conversão. Ao partilhar eu venço o egoísmo e com mais facilidade acolho a DEUS e as suas Bênçãos. Abre-se à generosidade de DEUS quem é generoso com a sua comunidade.

    Devemos refletir:

    O DÍZIMO É:
    Prova de gratidão para com DEUS;
    Devolução á DEUS por meio da comunidade do que lhe pertence;
    Contribuição para a manutenção da comunidade e
    Partilha generosa e consciente.

    O DÍZIMO NÃO É:
    Pagamento que se faz a Igreja para a ela pertencer;
    Taxa de adesão á comunidade;
    Mensalidade para poder usufruir dos serviços da Igreja e
    Algum tipo de suborno para comprar a DEUS e Às suas Bênçãos.

    •Devemos ler:
    O DÍZIMO NA BÍBLIA – Antigo Testamento:
    Gênesis 14, 17-20 (Abrão dá o Dízimo a Melquisedec);
    Gênesis 28, 20-22 (Jacó promete o Dízimo a DEUS);
    Êxodo 22, 28-29 (Deve-se oferecer a DEUS o melhor);
    Levítico 27, 30-22 (O Dízimo pertence a DEUS);
    Números 18, 25-32 (O Dízimo como sustento de quem esta a serviço da comunidade);
    Deuteronômio 12, 6. 11. 17 (Normas a respeito do Dízimo);
    Deuteronômio 14, 22-29 (O Dízimo como devolução a DEUS);
    Deuteronômio 26, 12-15 (O Dízimo para os mais pobres);
    1 Samuel 8, 14-18 (O Dízimo a Serviço do Rei);
    2 Crônicas 31, 2-10 (O Dízimo e o Clero);
    Neemias 10, 33-40 (O Dízimo e o Templo);
    Neemias 13, 10-12 (O Dízimo e os Ministros do Templo);
    Tobias 1, 6-8 (O testemunho de um Dizimista fiel);
    Malaquias 3, 5-12 (O Dízimo é uma fonte de Bênção);

    O DÍZIMO NA BÍBLIA – Novo Testamento:
    Mateus 23, 23 (Não basta dar o Dízimo, antes é necessário ser Justo e Misericordioso) e
    1 Coríntios 9, 11-14 (Quem vive integralmente para o Evangelho deve viver do Evangelho).

    Não envio este comentário com o intuito de convencer a ninguém sobre nada que diz respeito ao Dízimo.
    Falo aqui de minha convicção. Opção livre de minha parte em ser Dizimista.
    Apenas partilho algo sobre o que acredito.

    Cordialmente – Marcelo Camargo – Paz e Bem.

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  6. Grato pelo teu excelente comentário, Marcelo.

    Quero que reflita comigo: Jesus é o nosso Mestre. Ele é a Verdade e, portanto, suas opiniões são as que valem,e não a nossa. Ele está sempre certo. Então ninguém pode exigir, obrigar, cobrar nem ensinar algo que nosso Mestre, o Mestre da Verdadeira Religião, não fez. Este é o ponto chave pra desmascarar toda e qualquer teologia contrária aos princípios de Jesus. Eu estou convicto de que o dízimo não é um ensino do Mestre Jesus Cristo. Se eu estiver errado, por favor, me esclareça.

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  7. A Paz de Cristo, vim agradecer sua visita e comentário.

    Quanto a heresia do dízimo para a Igreja neotestamentária, é muito mais preocupante do que parece, pois se por um lado tem trazido estabilidade financeira, principalmente aos dirigentes, por outro lado pela falta de pastoreio compromissado com o Evangelho de Cristo e amor ao próximo, tem gerado enfermidades espirituais no seio da "igreja".
    É bem provável que, se a igreja vivesse de ofertas voluntárias, não teríamos megas templos, aviões, mansões e adoração ao deus Mamon por parte da liderança; contudo estaríamos em um nível espiritual elevado, resplandecendo a luz de Cristo em testemunho as nações; não como uma religião a mais, mas como o Único Caminho baseado na Verdade e que conduz a Vida eterna a todo aquele que crê que Jesus Cristo é o Senhor.

    Em Cristo,
    ***Lucy***

    P.S. Deixo o convite para conhecer o blog do irmão J.C.de Araújo Jorge - Estudo completo sobre o Dízimo entre outros... Temas atuais, alguns polêmicos, porém abençoadores.
    Acesse e confira:
    http://discipulodecristo7.blogspot.com/

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  8. https://estudosbiblicosjj.blogspot.com/p/dizimo.html

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