A Realidade é o Que Não Vemos

 

“A verdade é o que não vemos”. O filósofo Platão defendia a idéia de que as coisas que enxergamos agora são cópias do que é real, sombras da realidade. O que vemos não é a verdade “nua e crua”. O que enxergamos é a verdade “embassada”, como um reflexo através de um metal. A verdade está no invisível, no mundo espiritual. Se Deus é a Verdade, então somente o que está em Sua dimensão é a realidade total. Se o homem não enxerga Deus e Sua dimensão, então a verdade está oculta aos nossos olhos.

No principio, quando o homem andava com Deus e vivia na dimensão de Deus, contemplava a verdade e a realidade total. Adão conseguia ver o mundo que hoje chamamos de espiritual. Mas quando o homem deixou a Comunhão, então toda esta dimensão de Deus foi perdida e o homem passou a enxergar uma fração do mundo.

Este pensamento é defendido pelos escritores do Novo Testamento, principalmente Paulo, que escreveu em I Corintios 13:12 :

“Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido”.

          

    Note que Paulo diz que agora vemos parte, ou seja, uma fração da total realidade que nos cerca. Não vemos nem ouvimos muita coisa que existe. Não enxergamos, por exemplo, algumas frequências de cores, como ultravioleta e infravermelho; isto não quer dizer que elas não existam por não enxergarmos. Há sons que não ouvimos e que animais ouvem. As ondas de rádio estão em toda parte, sem podermos vê-las; porém com o auxilio de um receptor conseguimos captar os sinais. Há coisas e seres á nossa volta que nossos olhos físicos não enxergam, contudo são tão reais quanto o computador que usamos para ler este artigo.

 

“Mas, quando vier o que é perfeito, então o que o é em parte será aniquilado”(I Cor 13:10).

O que é perfeito ainda virá. Não está aqui. O Reino de Deus é o mundo real e verdadeiro. Jesus é a Verdade e ele há de estabelecer a verdade na terra. Nossos olhos contemplarão o Real e o Verdadeiro, aquele que é, que era e sempre há de ser a Verdade. Os dons do Espírito Santo são evidências do mundo Real neste nosso mundo, como está escrito: “e provaram a boa palavra de Deus e os poderes do mundo vindouro” (Hebreus 6:5). É a manifestação de Deus nesta nossa dimensão. Por isso disse Jesus: “O meu Reino não é deste mundo”(João 18:36); e outra vez: “Eu deste mundo não sou”(João 8:23). Quando o Reino de Jesus se manifestar, que necessidade haverá dos dons de Deus se o mundo todo estará cheio Dele? Pois: “Toda a terra se encherá da Glória do Senhor, assim como as águas cobrem o mar”(Habac. 2:14).

Todo homem contemplará a sua real situação quando morrer. A verdade será revelada a todos quando o coração pára e os olhos físicos se fecharem para sempre. Então serão abertos os olhos que contemplam a verdade. Os que andaram neste mundo com Jesus viverão no mundo perfeito e na dimensão de Deus. Estes verão a Luz, pois sempre estiveram nela.

Todo homem que, neste mundo, ignorou a consciência e o chamado da Verdade, vivendo uma vida sem limites para fazer o mal, sempre esteve morto, pois sempre viveu longe de Deus, que é a Vida. Por isso contemplará o vazio, o escuro, a miséria e a vergonha de sua alma vazia, ao redor de todos os seres repugnantes e espíritos imundos, aonde a Luz não alcança. Neste lugar estão os perdedores, incluindo Satanás e seus anjos, que perderam a essência de Deus. Todos estes detestam a luz, por isso habitam no mais profundo do abismo, onde bem nenhum existe. Isto é o que chamamos de morte.

Portanto, a nossa situação espiritual é que condiz com nossa realidade. Sem Deus, ainda que o homem esteja bem, está mal. Um homem rico, por exemplo, que não tem falta de bem algum, pode ser verdadeiramente pobre. Um homem pobre aos olhos humanos pode ser rico de verdade. Assim também em relação à força, sabedoria, etc. Tudo depende de sua realidade espiritual.

“Ouvi, meus amados irmãos. Não escolheu Deus os que para o mundo são pobres, para serem ricos em fé e herdeiros do reino que ele prometeu aos que o amam?”(Tiago 2:5).

“Como dizes: Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta; porém não sabes que és um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu.”(Apoc 3:17).

“Assim é aquele que ajunta para si riquezas, mas não é rico para com Deus.”(Lucas 12:21).

Isto também se aplica aos prazeres, às alegrias, à satisfação e à felicidade. Estas coisas neste mundo não são as genuínas. A única e verdadeira fonte de todas essas coisas é Deus. E não só isso: além de ser a única fonte, é fonte inesgotável; ou seja: a alegria, a satisfação e a felicidade de Deus são plenas, completas, perfeitas, abundantes e satisfazem para sempre. As alegrias deste mundo, porém, acabam e não satisfazem. Tudo neste mundo passa, até os momentos de prazer.

“Tu me farás conhecer a vereda da vida; na tua presença há plenitude de alegria; à tua mão direita há delícias perpetuamente”. (Salmos 16:11)